Drogas e Globalização
A dupla é quase um pedido de casamento: não é preciso ser especialista
para saber que o tráfico e o consumo de drogas estão entre as mais globalizadas
das práticas contemporâneas. A produção de matéria prima espalhada pelo mundo,
a interconexão entre produção e preparação (refino) em países diferentes, a
distribuição e venda intercontinentais, as práticas de consumo urbanas, comuns
em Nova York, São Paulo ou Tókio, são traços da produção capitalista
contemporânea que descrevem, evidentemente, o mercado de drogas globais, como a
cocaína, o ácido, o crack ou
a maconha.
Por outro lado, a difusão planetária de “estilos de vida”, vendidos no
atacado e no varejo como fórmulas de sucesso e felicidade, também se beneficiam
da circulação internacional das drogas. As festas das camadas médias urbanas,
os circuitos fechados das elites, a associação entre certas drogas e padrões de
comportamento (definidos a cada nova estação do ano), tudo isto, transformam o
consumo de drogas lícitas e ilícitas numa onda global talvez só comparável ao
mercado da música, no Ocidente.
Este artigo faz um balanço sobre as práticas culturais relacionadas ao
consumo de drogas, problematizando o conceito utilizado comumente pelos meios
de comunicação; depois procura refletir sobre as políticas de segurança contra
o crime organizado e suas conexões com o tráfico, ponto de partida para a
reflexão sobre o fenômeno da globalização.Este é o modo
como ela se impõe à maior parte da humanidade por meio do desemprego crônico,
aumento da pobreza, decréscimo da qualidade de vida e inacessibilidade à
educação, todos esses fatores originários do comportamento competitivo, fator
fundante das ações hegemônicas; O mundo como pode ser: uma outra
globalização – esta seria sua proposta política declarada em tom de manifesto:
as bases técnicas do planeta deveriam ser usadas a serviço da política e do
social.